Lançamento da novela “O Rebu”, a nova das 23h,
acontece em mansão em plena Copa
Adentrei a mansão para a festa de “O Rebu”, na última quinta-feira no Rio de
Janeiro, pensando sobre quantas vezes as professoras do ensino primário tinham
explicado que “rebu” era a contração para “rebuliço”, que também podia ser
escrito como “reboliço”. Estava pensando nisso enquanto tive de abrir caminho
para uma estonteante Beth Lagardère - convidada ilustre e herdeira de uma
fortuna de vários bilhões de euros - que pedia passagem na entrada triunfal
para os flashes dos fotógrafos. Era o
hall da festa no Palácio Modesto Leal, no bairro de Laranjeiras.
A Rede Globo recriou no Rio de Janeiro, bem no meio
das quartas de final da Copa do Mundo, a mesma festa de arromba do primeiro episódio
para o lançamento da nova mininovela das 23h, que estreia no dia
seguinte após o final do Mundial, dia 14 de julho, na emissora.
O local do evento foi muito bem escolhido: o palácio
é um casarão de tradicional família quatrocentona, estilo neoclássico com
cômodos enormes, escadas em caracol, muita madeira de lei, mármores travertinos
de tons caros e raros, ambientes com tetos pintados com afrescos, colunas,
lustres e luminárias portentosas, acrescidas de uma decoração de festa florida
com rosas e orquídeas brancas e com os barmen saídos diretamente de um catálogo de belos modelos. O casarão fica bem rodeado pela bela vegetação remanescente de Mata Atlântica, tão profusa nos
grandes jardins preservados do Rio de Janeiro, perfeitos para apreciação naquela
noite cuja temperatura até poderia ser considerada quente, não fosse pela agradável
brisa do outono.
Daí a pouco veio o promo do capítulo inicial. Contagiante, o clip começa com Patricia
Pillar vestida para matar com um drink e caminhando nos corredores da festa ao som de “Don’t Let me Be Misunderstood”, com o Santa Esmeralda.
Um corpo que cai na piscina
Num deck da varanda estendida modernizada e coberta com
toldo, uma piscina cenográfica exibia aos convidados um boneco de tamanho humano
boiando. Foi a atração mais fotografada da noite por todos os convidados, por
mais que a bela Sophie Charlotte desfilasse, deslumbrante, em seu novo penteado
curtinho.
O elenco da nova novela se reuniu no evento, bem
como os herdeiros do autor do original, Bráulio Pedroso (1931 – 1990), numa
breve apresentação feita pelo diretor geral do remake, José Luiz Villamarim.
Ele, desde que co-dirigiu “Avenida Brasil”, tem realizado pequenas obras-primas
como “O Canto da Sereia” e, especialmente, “Amores Roubados”. Destaque também
para a imprescindível fotografia, capitaneada pelo primeiro nome de direção de
imagem do cinema nacional, Walter Carvalho.
Do elenco, estiveram todos os grandes nomes:
Patricia Pillar, Tony Ramos, José de Abreu, Sophie Charlotte, Vera Holz, Daniel
de Oliveira, Marcos Palmeira, Mariana Rios, Bel Kowarick. Um saxofonista, Breno
Morais, animava a pista com solos durante o set dançante do DJ Papagaio. O cardápio era refinado e incluía carta de coquetéis temáticos tão apropriados como os suspeitos
de sempre, todos à base de espumante Chandon. Os nomes: O Rebu, Bellini
Supeito, Cosmo Investigativo, Clericot Poderoso!
Remake
“O Rebu” segue a linha de remakes para a faixa de
minonovelas ou maxisséries das 23h, após as bem realizadas “O Astro”, “Gabriela”
e “Saramandaia”, todas telenovelas de sucesso dos anos 70 que voltam
repaginadas e adaptadas aos textos atuais.
Esta “O Rebu” tem particularidades que a tornam um
tanto esperada.
Da original, exibida entre novembro de 1974 e abril de 1975,
restaram
apenas dois capítulos preservados – os demais ficaram perdidos para sempre num
incêndio do acervo que ocorreu em 1976. O mais curioso da trama, é que tudo acontece no espaço de
24h, contadas ao longo de 112 capítulos originais, que se dividem em três tempos: o
presente, o passado dos personagens e as investigações policiais. Um enredo
recheado de flashbacks, explicações sobre o que se passou na vida pregresssa de
cada um do convivas do festão que culminou na morte de um dos presentes – e com
24 convidados entre os suspeitos. Para a época, sem os recursos atuais de
edição e digitalização, as idas e vindas no tempo mereciam um verdadeiro
esforço de continuidade e direção de arte e cenografia. Detalhe: durante boa
parte da trama, não se revelou quem era a vítima, sequer se era homem ou mulher,
enquanto todos procuram o assassino. Dividiam a cena Lima Duarte e Ziembinski –
dá pra imaginar o que perdemos?


A história se passava numa mansão localizada no Alto
da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Ali, o banqueiro Conrad Mahler (Ziembinski) promoveu
um sofisticado regabofe para recepcionar uma princesa. Pela manhã, os
convidados foram surpreendidos com um cadáver boiando na piscina. José Lewgoy, Arlete Salles, Carlos Vereza e Maria Cláudia também atuaram na trama.
Na trilha sonora nacional original, a maioria das 14
canções incluídas foi composta pela dupla Raul Seixas e Paulo Coelho
especialmente para a trama. Eles inclusive assinaram o tema de abertura. Uma
das canções compostas para a trilha, “Gospel”, foi censurada pela mão pesada da
ditadura, tendo alguns de seus versos modificados para poder entrar. No lado
internacional, um destaque foi “The bitch is Back”, com Elton John.
Atual
A gravação da versão atual foi dividida entre um
casarão na região da grande Buenos Aires – os figurantes da festa são,
portanto, argentinos/as. As gravações locais em estúdios aconteceram no Pólo de
Cinema no Rio de Janeiro, que a Globo eventualmente reveza – já que a ocupação
atual do Projac é total e não comportaria mais esta produção.
A nova versão tem roteiro de George Moura e Sergio
Goldenberg, com colaboração de Charles Peixoto, Flávio Araújo, Lucas Paraízo e
Mariana Mesquita, com direção de fotografia de Walter Carvalho e direção geral
e núcleo de José Luiz Villamarim.
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