

"Quidam" é o espetáculo desta vinda do Cirque du Soleil ao Brasil, que tem estado aqui a cada dois anos ultimamente. Este número data de 1996 e acho que o preço justo a ser pago pelo ingresso deveria ser assim calculado: pegue o mais barato hoje: R$ 190,00 (inteira), desconta-se a inflação destes anos todos. Até 1996.
Sério: quem já viu alguma apresentação do Cirque lá fora - Em Orlando ou Las Vegas -onde se paga bem menos e onde sequer há tantos patrocínios, sente-se um tanto frustrado. Parece que só trazem o lado B dos espetáculos para cá e ainda por cima a peso de ouro. O show é nota 100: sem produção, sem cenários. Afora os artistas de grande forma em performance individual e coletiva, não se tem um show eloquente, encantador, marcas da trupe que a consagram no mundo todo.
Cercada de glamour, a estrutura do circo é imponente. Logo à entrada, tem-se bancas com vendas dos produtos correlatos ao show - tipo parque de diversões, onde cada atração vem acompanhada de uma lojinha de lembrancinhas.
No picadeiro, um grupo musical ao fundo para execução ao vivo é a melhor produção possível, além de um piso circulante e trilhos no teto que possibilitam o voar e deslizar dos artistas/atletas. Nos números, claro, há desempenhos individuais deslumbrantes, como o homem na roda alemã e o casal de "fisiculturistas" que se sustentam de forma magnífica (veja as fotos).
Mas o que vale a pena mesmo em toda a apresentação que prepararam para o Brasil é o número do palhaço. Dois números, na verdade, que entram como se fossem intervalos das atrações principais, mas que acabam roubando a cena por serem o mais divertido. O humorista em questão é brasileiro e obtém empatia imediata da platéia mediante o uso do recurso mais simples do mundo: participação de pessoas comuns pinçadas entre o público. Hilariante e o melhor da noite, mesmo sem ter nada que ver com o resto do espetáculo!
No entanto, quem vai a um Cirque, espera muito mais, em cenários, recursos e produção. Sabe quando vc vai a um grande show de rock, vê a banda e o vocalista,mas esquecem as caixas de som e o telão ???!!!!
Admito que vejo os espetáculo sob o olhar crítico de jornalista. Fui, profissionalmente, na apresentação oficial da turnê, no ano passado. Na ocasião, não me furtei a questionar os empresários responsáveis pelo tour do Cirque no País: por que eles trazem os espetáculos mais antigos e sem produção? Fiz as contas e indaguei: a continuar assim, um show novo do Cirque, como o incrível Love, todo baseado nas canções dos Beatles, só chegará aqui depois de 2022?
Nem preciso dizer que rebateram minha pergunta com o óbvio ululante: aqui é muito caro, aqui não tem teatro, aqui não tem público... Assim, trazem o mínimo possível de modo a lucrar o máximo que se consegue, a custo de ingressos caríssimos e faturando muito patrocínio de marcas fortes, que bem poderiam estar bancando espetáculos mais interessantes.
Pra finalizar, te conto esta: o Circo Popular da China traz tudo o que tem e consegue uma apresentação, muito, mas muito mais empolgante. Mas já vou avisando: não tem palhaço!
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